quarta-feira, 5 de agosto de 2009

relato do primeiro semestre com turma de nível II (4 / 5 anos)

Refletindo sobre o fato de ter criado este blog somente no segundo semestre, achei viável disponibilizar meu relato sobre o primeiro (para conhecerem um pouco do meu trabalho) já que não há postagens de atividades realizadas anteriormente.. espero que apreciem a leitura....

Primeiro semestre -2009- nível II- (cças de 4-5 anos)

Foi muito bom para mim, poder acompanhar o desenvolvimento das crianças neste semestre. Grandes desafios foram vencidos e tenho certeza que tantos outros serão no próximo.
A adaptação das crianças ao ritmo do nível II (mais atividades dirigidas e menos tempo de brincadeiras livres) foi o primeiro objetivo. Todas as crianças já se conheciam e também me conheciam. Porém, surgiu a necessidade de criar momentos de aproximação e interação entre todos. Minha preocupação foi a de realizar atividades que favorecessem tais situações. Brincadeiras no pátio e atividades coletivas em sala foram minhas grandes aliadas nesta fase. Tais momentos foram muito divertidos e favoreceram o fortalecimento dos vínculos já criados. É muito bom olhar à turma e ver como as crianças se gostam. É um grupo entrosado, as crianças são companheiras, cooperativas e com isso o convívio aqui na escola tem sido gostoso e produtivo. Mesmo com tanta afinidade, foi preciso realizar alguns combinados. As nossas regras foram elaboradas a partir da necessidade de uma melhor organização do grupo e da sala. Para que as crianças internalizassem as regras, estas foram discutidas, combinadas e registradas. Assim fica fácil, pois quando alguma criança “quebra” determinada regra os próprios amigos relembram e apontam em nosso cartaz: “ olha, isso não pode...”
É comum na convivência em grupo que surjam os conflitos, pois as crianças estão o tempo todo se relacionando e acabam disputando os mesmos brinquedos, os mesmos materiais e até a minha atenção. A primeira reação é sempre empurrar, gritar, chorar e bater (esta é a forma de demonstrarem insatisfação, uma vez que não conseguem ainda argumentar com os amigos). Procuro mostrar como a outra criança está se sentindo, questionar se gostaria que fizessem assim também com ele. Conversando, buscamos outras maneiras de expressar nossas insatisfações, sem que haja agressão. Procuro também incentivá-los que resolvam seus problemas sozinhos, conversando, mas caso não consigam podem sempre contar comigo.
Logo no início do ano, fiz uma surpresa para turma. Percebi que as crianças tinham gostado muito da decoração de pingüim que eu fiz para a sala, então tive uma idéia: trazer um pingüim para ser mascote da nossa turma. E assim foi, na volta do feriado de carnaval eu trouxe o Max que foi muito bem recebido pela turma. Todos queriam cuidar dele e descobrir todas as novidades que ele tinha para nos contar. As crianças demonstraram bastante ansiedade em esperar a vez de poder levá-lo para casa e a cada retorno um misto de euforia e curiosidade para saber como foi a estadia na casa de cada amigo. Muito interessante ver o envolvimento dos pais nesta atividade, relatando o fim de semana em companhia do Max e entrando no mundo da imaginação junto com seus filhos.
O trabalho com a linguagem oral é freqüente e diário em nossa turma, pois estamos nos comunicando desde a entrada até a saída. E somos uma turminha que gosta muito de conversar.
Na roda da conversa a linguagem oral se faz presente de uma forma muito especial. É o momento mais formal do nosso trabalho nessa área, porque é quando precisamos nos expressar adequadamente para que todos nos ouçam e nos compreendam. Precisamos falar num tom apropriado, expressar com clareza e organização de pensamento, esperar a vez de falar e ouvir a fala dos amigos. Todas as nossas tardes começam com a roda da conversa e todos sempre tem algo para contar ou mostrar aos amigos. E, se às vezes, tento fazer algo antes de dar este tempinho para conversa (como o calendário, por exemplo), logo sou cobrada pelas crianças _’hei, Débora, hoje não vamos conversar?”
A linguagem escrita é também uma prática constante em nosso cotidiano. Aproveitamos todas as situações para registrar palavras, frases, histórias que criamos, ou até mesmo bilhetes às outras turmas combinando uma atividade juntos ou apenas comunicando algo que fizemos. Essas foram boas situações para pôr em prática a funcionalidade da escrita, isto é, servir de escriba na produção de pequenos comunicados, mas cheio de grandes significados. Neste semestre desenvolvemos várias atividades com a finalidade de ampliar nosso vocabulário e também compreender como se dá processo da escrita. Com a vontade que demonstravam em ler, surgiu a idéia de criar o nosso caderno de textos. Um caderno com a coletânea de textos conhecidos por eles (pode ser uma música, uma poesia, uma quadrinha, parlendas ou até mesmo uma receita) e que sempre vem acompanhados de uma ilustração, facilitando assim a identificação do texto e a leitura hipotética.
Também trabalhamos com leitura e interpretação de textos instrucionais (como exemplo: receitas), textos informativos, poema e adivinhas. Realizamos várias construções de palavras utilizando o alfabeto móvel (as crianças adoram trocar as letras da palavra de lugar e pedir para que eu leia), montamos acrósticos e durante os desenhos apareceram várias tentativas espontâneas de escrita.
A matemática esteve presente o tempo todo em nossas atividades, brincadeiras e nas diversas situações de sala. Deve-se considerar que os alunos da Educação Infantil estão iniciando o processo de contagem em associação à representação numérica, sendo comum que não consigam conservar quantidades para acrescentar outras (começam a contagem da quantidade inicial para então adicionar) ou contar mais de uma vez um único elemento, o que fará com que encontrem resultados diferentes. Isso acontece porque o conceito de número ainda não está formalizado e, nesse contexto, o meu papel foi de questionar, de confrontar os resultados obtidos e de realizar a contagem em conjunto com os alunos para que, aos poucos, eles possam evoluir nas hipóteses do sistema de numeração. Não podemos, no entanto, limitar o trabalho com quantidades que julgamos ser mais fáceis para que eles acompanhem, pois nesse processo, os alunos devem ser desafiados e, cotidianamente, já contatam com um universo bem mais amplo, quer por meio do calendário trabalhado em sala ou em espaços por onde circulam socialmente. Devido ao fato dos números apresentarem um traçado um pouco mais difícil (parecendo-se com a letra cursiva), foi preciso praticar um pouco seu traçado. Então, partindo de situações que surgiam em sala, como brincadeiras, histórias e jogos praticamos o traçado dos números. Ainda dentro do conteúdo de matemática, trabalhamos com gráficos, estimativas, noção de adição e subtração, formas geométricas, números e quantidades, noção de tempo e espaço. Tudo isso foi trabalhado através de histórias, brincadeiras, jogos, e também pela culinária que além de ser um momento muito saboroso, foi sempre de grande aprendizado. Uma das atividades desenvolvidas e muito apreciada pelas crianças foi o jogo dos balões, onde houve diversas situações. Primeiro brincamos com balões de festa coloridos, equilíbrio, direção, força e movimento fizeram parte desta atividade. Depois os classificamos por cores e tamanhos. Utilizando balões confeccionados em papéis coloridos, trabalhamos com sequência, cores, tamanhos e quantidades. As crianças se divertiram e aprenderam muito neste dia.
Alguns mini-projetos foram realizados neste semestre, como exemplo: os índios onde realizamos algumas pesquisas para sabermos sobre o modo de vida, costumes, alimentação, moradias e artesanatos indígenas. Traçamos um paralelo entre o índio de antigamente e o atual. A atividade sobre os índios contou com um breve estudo também sobre o Descobrimento do Brasil. Todas as nossas descobertas foram registradas e transformaram-se em um livro, que gerou uma apresentação do tema aos demais amigos da escola e também uma exposição do nosso artesanato inspirado nos indígenas (o nosso, com massinha de modelar).
A páscoa solidária também foi trabalhada com as crianças. Com o intuito de conscientizá-los de que pequenos atos realizados por aqueles mais favorecidos trazem muita alegria e adoça a vida daqueles que ajudamos. Fiquei muito orgulhosa de ver a turminha envolvida nesse projeto. É muito bom participar da formação de cidadãos do futuro, que tão pequenos já se solidarizam com o próximo.
Outro mini-projeto que desenvolvemos foi sobre o dia do trabalho. Fizemos um levantamento e montamos uma lista das profissões conhecidas, cada criança escolheu uma que deseja exercer quando crescer e pode representar desenhando e escrevendo. Fizemos uma pesquisa sobre as profissões, os profissionais que a exercem e os instrumentos utilizados. Dentre todas escolhemos uma para representar. A profissão escolhida foi a de Veterinário. Combinamos então de trazer à escola bichinhos de pelúcia e no dia da atividade, os classificamos em animais domésticos, animais de fazenda, animais marinhos e animais do zoológico. Descobrimos que os veterinários podem atuar em vários locais. Também montamos uma clínica veterinária em nossa sala, onde cada um escolheu sua função para exercer (veterinário, recepcionista, dono do animal...) foi uma tarde prazerosa e de muito aprendizado.
Um tema que proporcionou muitas atividades foi Na época dos Castelos. Além de encantar com reis, rainhas, príncipes e princesas, o trabalho com este tema, teve a intenção de potencializar as relações que os alunos podem estabelecer com um tempo histórico diferente do seu. As crianças tiveram a oportunidade de refletir sobre a diversidade de hábitos, os modos de vida e os costumes nos castelos, de ampliar seus conhecimentos sobre a diversidade cultural, de aprender a conviver e respeitar as diferenças entre os povos, assim como compreender o seu meio cultural e a si mesmos. E como foi bom observar as crianças entrando no mundo da imaginação e descobrindo a vida no castelo. Todas as nossas atividades e descobertas resultaram em uma grande “Festa no Castelo”. Foi um tarde de muita diversão e aprendizado.
Outro tema que despertou muito a curiosidade das crianças foi: O Mundo Marinho. O estudo dos seres vivos permitiu trabalhar com procedimentos essenciais às Ciências Naturais: observação, busca de informações, elaboração de perguntas e respostas e desenvolvimento de atitudes de cuidado com o meio ambiente. Relacionadas ao tema desenvolvemos muitas atividades: assistimos filmes/desenhos, visitamos o Museu Marinho, fizemos pesquisas, desenhamos, realizamos dobraduras, montamos quebra-cabeça, criamos jogos (como a trilha marinha e a pescaria dos números). Mas a atividade que mais despertou o interesse da turma foi quando apresentei a eles a música: “Samba na Areia” de Pixinguinha. Pudemos conhecer e apreciar um gênero musical (samba), conhecer alguns instrumentos musicais, dançar, interpretar a música e também conhecer alguns outros animais marinhos (que são citados na música). Mas com certeza o ponto alto desta atividade, foi o dia em que combinamos de trazer instrumentos musicais à escola. Formamos uma bela banda, com direito a bateria de verdade. Todos puderam experimentar os instrumentos e também se aventurar no microfone. Hora de mostrar aos amigos o que havíamos preparado. Então, convidamos a turma do nível I para assistir nosso ”show” e a platéia adorou. Foi uma tarde muito “barulhenta” e divertida.
O trabalho com literatura vem sendo realizado de forma bastante intensa com a turma. Quinzenalmente as crianças participam da hora do conto, este é um momento muito prazeroso vivido por eles. As histórias são apresentadas em forma de teatro ou fantoches e outros materiais que as enriquecem e trazem o mundo da fantasia à imaginação de nossos pequenos. Em sala, procuro sempre apresentar histórias relacionadas aos temas que estamos estudando. Algumas vezes quando sobra um tempinho, em nossas tardes tão cheia de atividades, os convido para ouvirem uma história ou apenas para fazerem suas leituras (nossa estante de livros vive revirada, pois as crianças adoram ler). Um material bastante apreciado por eles também são os cadernos viajantes escritos por turmas de anos anteriores e até mesmo por alguns deles (quando estavam no maternal II), ver as fotos de quando eram menores os diverte muito e remete à lembranças gostosas. Também os estimulo a emprestarem os livros para levarem para suas casas. É muito gostoso vê-los indicando aos amigos os livros que já leram.
As atividades de artes foram sempre muito prazerosas. Realizamos pinturas, colagens e desenhos. Observamos obras e neste momento meu papel foi o de estimulá-los a falarem sobre o que observaram, sentiram e perceberam ao analisar a imagem. Para construir modos diferentes de pintar, desenhar, modelar, pensar e fazer arte, a criança precisa entrar em contato com a diversidade de produções artísticas. Ao lerem imagens diversas e conversarem sobre o modo como determinado artista fez seu trabalho, alimentamos o repertório imaginético das crianças que será fonte inspiradora para novas pesquisas sobre desenho, pintura, etc. O olhar e o pensar sobre as produções artísticas enriquecem o fazer em arte. Com certeza a pintura com guache é a atividade mais apreciada nessa área do conhecimento, a Auana (professora auxiliar) que o diga, como é difícil limpar a “sujeira” de tinta que eles fazem, pois só o pincel não basta, é preciso experimentar com um dedo, com dois e logo com as mãos, aí sim eles se satisfazem na realização da atividade.
O trabalho com inglês proporcionou aulas divertidas. Sem a pretensão de torná-los exímios na pronúncia e sim com a intenção de familiarizá-los e prepará-los para estudos posteriores da língua inglesa, as aulas contaram com recursos bastante atrativos. Através de fantoches, músicas, pinturas, balões desenvolvemos atividades sobre cores, números e animais. Ainda contamos com um ajudante muito especial para nossas aulas, o Max que nos ensina muitas palavrinhas em inglês.
As aulas de informática serviram de importante ferramenta lúdica de aprendizado. Sons, cores e movimentos são grande aliados na fixação das atividades apresentadas em sala de aula. O uso da informática leva a criança a ter acesso e conhecer um dos instrumentos indispensáveis na globalização dos dias atuais. Durante as aulas, além de aprender a usar o mouse, as crianças passam a localizar letras e números no teclado. Trabalham também, a coordenação psicomotora. A concentração e a memória são estimuladas, e com isso, reforçados os conhecimentos adquiridos em sala de aula (identificação de formas, letras do alfabeto, numerais, quantidades, etc.). Já com os softwares educacionais um mundo de conhecimentos é colocado diante dos olhos de nossas crianças levando-as a aprender brincando. Tornando nossas aulas muito mais divertidas. Nossas atividades de informática contaram com o auxílio da Auana, pois dividíamos a turma sempre em duas equipes. Enquanto uma equipe ia para informática com ela, a outra permanecia comigo realizando alguma atividade específica. Depois de um determinado tempo fazia-se a troca das equipes. Esta divisão na turma proporciona um melhor acompanhamento das crianças durante as atividades. Com certeza, a informática, é uma aula bastante esperada e apreciada pela turma.
Este semestre foi muito divertido. Aprendemos muitas coisas juntos, mas tenho certeza que o próximo nos reserva grandes surpresas.
Abraços
Professora Débora.

saudação...

  Olá pessoinhas que visitam meu blog... sejam muito bem vindas!!!!
  Então, após algum tempo ensaiando, resolvi criar este blog para compartilhar com os que aqui entrarem, minhas inquietações, ideias , trabalhos, pensamentos entre outros sobre alfabetização.
    Acredito que este será um espaço para reflexão sobre o meu fazer pedagógico e muito contribuirá para minha práxis...
   Espero que gostem... Vou me esforçar para mantê-lo atualizado....
Beijinhos,
Professora Débora Quadros.